ANATOMIA DOS MEMBROS

O paleontólogo Alfred Romer se referiu poeticamente à grandiosidade da evolução dos vertebrados que num certo sentido foi uma história de ir e vir, onde a aparição de novos grupos e a perda de outros, desaparecidos misteriosamente e repentinamente, foram deixando suas marcas ao longo de um lapso de tempo equivalente a 500 milhões de anos (Kardong, 2007). A história dos vertebrados foi contada parcialmente pelos biólogos evolucionistas e paleontólogos e estes afirmam que 99,9% das espécies que habitaram este planeta se extinguiram. Como forma viva na terra, os humanos modernos representam fragmentos históricos estruturais da longa história dos vertebrados. Para falar dos membros do corpo humano é preciso recuperar as suas origens em animais extintos, que surgiram na era dos peixes. As nadadeiras dorsais e ventrais, as nadadeiras laterais, as posições das escápulas dos répteis basais, que viviam na água, demonstraram o significado constitucional elucidando pelos estudos científicos o enigma do surgimento dos apêndices como fato evolutivo.

Darwin analisou a morfologia conceitual do desenho biológico corporal em um contexto comum, considerou a ascendência das espécies com modificação, a partir de seus estudos. A ciência, a partir do século XIX, reconheceu a influência independente da história da vida (homologia), a função (analogia) e a simples semelhança (homoplasia) sobre o desenho do corpo dos vertebrados. A comparação tem sido portanto uma das técnicas de avaliação experimental das funções e a representação de sucessos evolutivos mediante análise de padrões filogenéticos que podem sugerir modificações através do tempo. Olhar para o membro superior humano significa compreender uma abundante gama de mudanças de forma e função que foram acontecendo nos apêndices torácicos dos vertebrados a partir da era dos grandes répteis terrestres – os dinossauros. O braço, antebraço e a mão humana, partes do esqueleto apendicular se prendem ao tronco pela cintura escapular formada por elementos esqueléticos. O desenho definitivo da extremidade superior ou membro superior envolveu alterações musculares, ósseas e modificações na sensibilidade da palma da mão, cujos componentes básicos do sistema nervoso se especializaram em percepção de tato delicado, pressão e temperatura. Dentre os animais atuais, desde os vertebrados mais primitivos, a mão humana representa como exemplo de seguimento corporal, o mais sofisticado desenho ósteo-muscular, cuja tendência principal foi a polifalangia e a polidactilia.

Quanto ao membro inferior, quando analisado a partir da cintura pélvica, é fundamental compreender que os três ossos do quadril: o ílio, o ísquio e o púbis se fixaram à coluna vertebral estabelecendo uma ligação forte com o osso sacro, entre si e com os ossos da coxa, o fêmur. Na evolução do sistema apendicular a formação da bacia óssea (ossos do quadril articulados com o osso sacro) possibilitou uma expansão avantajada da assa do ílio que acomoda músculos flexores da coluna vertebral permitindo manter o compromisso desta espécie com a postura bipedal. Por sua vez, o delineamento da linha arqueada favoreceu o afastamento dos ossos do quadris entre si, deslocando a massa óssea do ísquio inferiormente e lateralmente de tal forma que a abertura superior da pelve mantivesse a definição e delimitação do canal do parto, através do qual passa o bebê durante o nascimento, em mulheres.

A coxa e a perna humana permitem o andar em ritmo acelerado, em razão da existência nestes seguimentos de grupos musculares avantajados e com uma estrutura miofascial extremamente resistente. O pé dos humanos na posição plantígrada (ato de apoiar-se no chão usando como suporte esquelético os ossos do tarso, metatarso e as falanges) não só favorece a locomoção terrestre, mas também acomoda a força de propulsão transferida verticalmente do quadril através das estações ósseas da coxa, da perna e do pé, para a planta e o dorso do pé, de tal forma que a locomoção chamada cursora, ou de eficácia de movimento seja igualmente rápida e bem sincronizada. O homem que caminha com  a planta do pé em contato com o solo aumenta potencialmente a distância que pode percorrer sem se cansar, se desloca com velocidade, podendo incrementar estabilidade ao movimento em terrenos desfavoráveis, quando associa a posição da sua cabeça, a postura bipedal e a sua capacidade de flexão e extensão máxima da coluna vertebral para aumentar a velocidade e criar estratégias em função da sua complexidade cerebral para análise do meio ambiente.

Devemos considerar que embora tenha se passado milhões de anos desde que os ancestrais humanos se balançavam nas árvores, é importante destacar que se têm evidências de que o modo de locomoção nas árvores, a braquiação, se manteve na estrutura da extremidade superior do tronco dos humanos. Ou seja, o longo braço e antebraço, mãos preensoras e dedos em garra foram aquisições de outros vertebrados que herdamos. O Homo-sapiens, não optou pela oponência completa do polegar, esta mão desenhada com capacidade de manipular com precisão e que permite a nossa espécie modificar o mundo representa uma somatória de aquisições ontogenética e filogenética dos vertebrados.

Olhando para as nossas mãos, colocadas à frente das nossas cabeças e inclinando a nossa cabeça para olhar os nossos pés, numa atitude reflexiva, observadora e ética é necessário que cada humano faça isto, entendendo o passado, considerando tudo que a evolução nos trouxe e compartilhando no presente e no futuro, com o legado do nosso humano saber e ser para que o que sobrou de vida neste planeta (0,1% das espécies iniciais) permaneça aqui para sempre, no que depender de nós.

Anatomia dos Membros
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